sábado, 23 de janeiro de 2016

Uma crise de pânico

Me afundei de novo nesse velho mar de cobertores.
Faz 30 dias desde que mais uma vez me deixei levar por essa maldita depressão. E em mais uma tentativa de nadar contra as ondas, eu falhei.

Levantei, troquei de roupa.
Vesti o short, o top, a camiseta e coloquei o boné.
Andei de um lado a outro pela casa, desliguei a tv e o ventilador.
Olhei pela porta e vi os vizinhos do lado de fora.
Olhei o relógio - 15:35.
Acendi o cigarro.
Não consegui.
Talvez eu consiga mais tarde.
A calça, eu posso buscar amanhã, ou depois.
O mercado fica aberto até às 20h.
Mas tenho que comprar areia para os gatos até às 17h.
Desisti. Mais uma vez, desisti.
Sinto falta de ar e taquicardia. Vontade de chorar. E choro.
Peguei a caneta e a agenda.
Escrever, de alguma forma, me acalma.
Talvez eu deva só esperar um pouco e isso vai passar.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Momento de desespero

Queria ter coragem
Pra fazer diferente, pra ser diferente, pra seguir em frente.
Pensamentos me perturbam, sentimentos me deturpam, os medos me inundam e eu suplico, demônios, não me confundam.
As lágrimas são minhas palavras
As palavras não têm valor
Ó, morte, não tens pudor 
Sem ardor me abraças.
Minha braveza há muito sumiu nesse mar de angústia em que minha vida caiu e minha alma já quase inexistente sucumbiu.
Meus gritos me sufocam, pois dentro do meu silêncio não suportam esse cativeiro do meu espirito preso num corpo que um dia já foi vívido.
Nessa prisão, não sou digna de perdão ou da compaixão daqueles que por teimosia nunca se vão.
E se um dia ele forem, que ao menos me deixem flores, levando consigo apenas seus amores e as minhas dores.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Diário de hoje: desânimo

Não lembro a última vez que tomei o ad*. Pura inconsequência e desleixo, diria eu.
Me sinto frágil e vulnerável. Uma bomba-relógio prestes a explodir quando se corta o fio azul. 
Não quero sair, não quero viver.
Viver me parece mais um filme de terror.
Minha concentração pra leitura também está péssima. Leio e releio a mesma página na esperança de que as palavras sejam digeridas na minha mente, mas ela preferem brincar de pique-pega, como crianças levadas e desobedientes, alheias às minhas ordens e súplicas.


* Ad: Antidepressivo

Por Monique Oliveira
@NiqueLiv



quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Diário da depressão

Como em quase todos os dias, hoje eu sinto vazio, medo, angústia e vontade de chorar.
O coração parece que vai sair pela boca. O suor se liberta do meu corpo como se fosse uma garrafa congelada fora da geladeira. Minhas mãos tremem como se algo assustador estivesse ao meu lado nesse momento. A tristeza deitou comigo e se aninhou em meus braços. As lágrimas estão presas no meu nariz, impedidas de sair dos olhos. Não me agrado da minha própria companhia. E eu só queria agora poder dormir e acordar quando tudo isso tivesse acabado.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Como jogar?

Imagens, ideias, informações, palavras. Como numa "nuvem virtual" tudo paira na mente e nada sai por escrito. Parece tudo inatingível como peças que faltam de um quebra-cabeças esperando que seja montado. O jogo fica incompleto, o texto não ganha forma nem se finaliza. Qual a ordem certa de cada pensamento?  Vai saber! Mas talvez seja nessa desordem que a vida se mantenha mais livre e forte, pois dizem que os loucos são os sobreviventes desse mundo justamente por seu desequilíbrio. E assim a busca incessante do equilíbrio continua sendo um grande jogo quebra-cabeças impossível de ser arrumado e um jogo da memória sem pares que se encaixem.